Um Passeio pelo Mundo das Visual Novels: Parte 5 - Meados dos 2000 e Transição para 2010
Nossa, quinta parte sobre VNs? Agora que percebo que estou levando o assunto muito a sério... Veja a Parte 4 sobre a explosão do início dos anos 2000, com Tsukihime, Da Capo e Higurashi!
De qualquer forma, uma rapidíssima revisão. No último post, vimos títulos famosos e a origem de empresas lendárias como Type-Moon, Circus, Leaf e Nitro+, além de seus primeiros grandes sucessos.
Agora, vamos tocar o barco. Como você deve ter percebido, os anos 2000 tiveram muitos títulos excelentes, e haverá ainda mais daqui para frente. Veremos tanto empresas que já construíram sua reputação quanto outras que nascerão ou sairão do anonimato nesse período. O PS2 dominou as adaptações (ports) para console, mas o PC continuou sendo o rei para os jogos eroge (jogos adultos); a Steam e as traduções ocidentais começaram a surgir timidamente nessa época.
Títulos famosos de 2003 de empresas (até então) menos conhecidas incluem Muv-Luv (da âge, um romance escolar que vira ficção científica de robôs com uma reviravolta brutal em Alternative de 2006; considerado uma das melhores VNs de todos os tempos, com mais de 50h de duração e impacto emocional insano), Kimi ga Nozomu Eien (âge, 2001 - drama romântico pesado com coma e traição), True Remembrance (do desenvolvedor solo Shiba Satomi), Shiawase no Katachi (Angel Smile), Cross Channel (Flying Shine, surrealismo psicológico que elevou o nível da empresa) e Eien no Aselia (Xuse). Das empresas já conhecidas, tivemos: Zanma Taisei Demonbane e Saya no Uta (Nitro+, um horror lovecraftiano adulto que explodiu globalmente, tornando-se um clássico cult).
E agora, a visual novel mais conhecida do mundo, que merece um parágrafo separado: Fate/stay night.
Uma história de origem épica: Lembra dos fundadores da Type-Moon? Fate era um romance escrito por Nasu na faculdade – onde o protagonista Shirou tinha um romance com o Rei Arthur (Saber), que originalmente era homem! Após o sucesso de Tsukihime, o projeto virou um jogo comercial adulto em 2004. Explodiu em popularidade: foi o mais vendido do ano (batendo a gigante Key!), gerou o enorme "Nasuverse" (Fate/Zero, Apocrypha, etc.) e foi a primeira VN a ter traduções e distribuições oficiais em massa no ocidente. Vendas acima de 1 milhão de unidades, animes globais, mangás em múltiplas línguas e spin-offs infinitos. Recentemente ganhou um Remaster baseado na versão Réalta Nua (Steam, 2024) e sustenta um jogo de gacha para celular bilionário (Fate/Grand Order, 2015).
Acho que isso já é o suficiente para dizer que esse jogo foi peça-chave para apresentar o gênero ao resto do mundo.
Bem, após esse marco, novas boas empresas começaram a surgir ou se consolidar: a Navel (com Shuffle!, 2004 - sucesso de fantasia harém), Stage Nana (Narcissu, 2005 - drama curto e gratuito sobre eutanásia), Gust (série Ar tonelico, híbrido de VN e RPG), Overflow (School Days, 2005 - infame pelo final do anime, mas inovador por ser uma VN totalmente animada), F&C (Canvas 2) e Akabei Soft2 (G-Senjou no Maou - obras-primas com anti-heróis). A "Era de Ouro" continuou com: Key (Clannad em 2004, com vendas absurdas e anime lendário da Kyoto Animation; e Planetarian, ficção científica curta sem escolhas), Leaf (Tears to Tiara, RPG/VN), KID (Remember11, o final da série Infinity), FlyingShine (Swan Song, horror) e Nitro+ (Hanachirasu, drama samurai). Destaque também para Symphonic Rain (2004, jogo musical) e Yume Miru Kusuri (2005, drama realista sobre drogas e bullying).
O cenário chega à era da acessibilidade no Ocidente: importações via J-List, localizações oficiais por MangaGamer/JAST/XSEED e o boom das traduções de fãs no Brasil. O PSP (2004) foi essencial para adaptações portáteis, pois seus discos de 1.8GB eram perfeitos para VNs com dublagem completa.
A partir daí, tivemos VNs marcantes como: Katawa Shoujo (2011, VN ocidental gratuita feita por desenvolvedores independentes sobre romance com garotas deficientes - mais de 1 milhão de downloads), Baldr Sky (épico cyberpunk da Giga) e Majikoi (ação e harém da Minato Soft). Poucas novidades nos consoles, exceto pela Aksys trazendo Zero Escape e BlazBlue.
Infelizmente, o início de 2010 foi fraco: muitas cópias ruins ou spin-offs. A reviravolta veio em 2011 com: Monmusu* Quest! (RPG de garotas monstro), Kamidori Alchemy Meister (Eushully) e Aiyoku no Eustia (fantasia da August). E com isso, fechamos os anos 2000 e entramos no início da década de 2010. Na Parte 6, veremos a lista de títulos recentes até 2012 e a transição para a era moderna!
Até lá!
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