"É isso aí pessoal, mais uma parte da minha primeira série de posts
Recapitulando, vimos que o final dos anos 90 tiveram várias grandes visual novels, bem maiores e mais complexas que as anteriores, e além disso, falamos sobre o surgimento da Key e de sua primeira obra-prima, Kanon, aclamado por muitos a melhor VN da década e padrão para VNs futuras.
Bem, vamos lá. As VNs dos anos 2000, em sua maioria, seguiram ritmo dos títulos que tiveram destaque da segunda metade da década de 90. Via de regra, as VNs que se baseam em histórias de romance seguiam o mesmo estilo de One, Tokimeki Memorial e Kanon, VNs que se baseavam mais em conteúdo erótico se baseavam em X Change e True Love, e VNs que se baseavam em histórias mais dramáticas se baseavam em Critical Point e Moon..
Claro, como nessa época vai surgir o PS2, as mídias em DVD, mesmo no começo sendo relativamente caras, proporcianavam bem mais espaço do que o CD, podendo fazer jogos em resoluções maiores e ainda mais complexos nos quesitos gráficos e sonoro. Como o Play2 vai receber muito mais popularidade no Japão do que os concorrentes Gamecube e Xbox, a produção de VNs serão focadas mais no PC e Play2, devido a suas facilidades de programação e maior popularidade. Esse cenário só mudará na segunda metade dos anos 2000, assunto do próximo post.
Grandes visual novels do ano 2000 foram Never 7 – the end of infinity, Bible Black (extenso repertório ecchi e mais de 10 endings possíveis) e Air (da Key, que permaneceu no ranking entre as VNs mais vendidas no Japão por um bom tempo), e um joguinho sem-vergonha, no sentido de que simplesmente “surgiu” no cenário de VNs, sem nenhuma história emocionante como o da Key: Tsukihime, da produtora Type-Moon.
Sério mesmo, a Type-Moon surgiu do nada absoluto, e logo o seu primeiro título foi um sucesso arrasador. O máximo que consegui descobrir é que Type-Moon foi fundada por Takashi Takeuchi e Kinoko Nasu. Nasu era escritor e tinha escrito alguns livros, como Angel Notes e Koori no Hana (Flores de Gelo, em português), e como livro mais famoso, Kara no Kyoukai (do japonês, Limites do Vazio, mas quando o título foi “importado” para inglês ficou como “Garden of Sinners”, ou Jardim dos Pecadores. Nas próximas partes, estarei falando mais do nonsense entre títulos em japonês e como eles são traduzidos em versões americanas). Takashi, por sua vez, nunca publicou nada antes, mas era um exímio desenhista, e grande amigo de Nasu. Um belo dia, ambos decidiram se juntar e formar uma empresa doujin (que são empresas independentes, geralmente pequenas, que fazem jogos mais por diversão mesmo. É parecido com empresas Indie agora, mas sem visar lucro com os jogos) e pronto, fundou-se a Type-Moon. Simples assim.
Entretanto, seu primeiro jogo, como digitei a pouco, foi um sucesso instantâneo, gerando milhares de fãs na hora, e que hoje conta com um fandom (comunidade feita por fãs para aprofundar sobre determinado tópico, dar sugestões, especulações, promover trabalhos da empresa, enfim) de milhões de pessoas por todo o planeta. Tsukihime ficou extremamente famosa devido aos belos traços das personagens e a história expansível do jogo, mas que ao mesmo tempo é de fácil entendimento, muito envolvente e longa também. O jogo teve uma enorme recepção, uma das maiores vistas em todas as VNs antes dela, gerando futuramente séries de anime, mangás, toneladas de produtos relacionados à série, e atualmente, um remake promissor da VN sendo feita pela Type-Moon, porém sem data de previsão para lançamento até agora.
Avançando um pouco mais nos anos, visual novels de grande destaque foram Brave Soul (Crowd, novamente, com um grande RPG, tanto na estrutura quanto na duração), Kagetsu Touya (da Type-Moon, tratado como um “after story” do final bom de Tsukihime), Crescendo: Eien Dato Omotte Ita Ano Koro (da Digital Object, mesma produtora de Kana: Little Sister, notável por não usar trilha sonora própria, mas sim, em sua maioria, peças de Yoshio Tsuru e Scott Joplin), Gyakuten Saiban (da Capcom. É a franquia Phoenix Wright, em inglês, respeitada pela sua originalidade e humor único), Kazoku Keikaku (contando com cenários do mesmo autor de Kana: Little Sister, e dos mesmos publicadores de Kanon), Natsu no Hi no Resonance, Ever 17 – The Out of Infinity (esse mereçe um post praticamente só pra esse jogo), Galaxy Angel e Melty Blood (jogo de luta com elementos de visual novel desenvolvido pela Type-Moon)
Calma. Respire fundo agora, porque ainda temos muito chão para cobrir. Eu não me esqueci de outras VNs super famosas, mas quero dar um plano de fundo antes de introduzí-las:
Vamos começar pela empresa Circus. Apesar de sua história ser desconhecida, ela foi fundada em 2000, que, em apenas um ano, lançou três visual novels: Aries, Yaminabe Aries e Infantaria, entretanto, nenhum obteve notáveis níveis de vendas. Em 2001, Circus lançou seu primeiro “hit” de vendas, Suika, produzida pelo próprio presidente da Circus e com a ajuda de seus empregados. A história de Suika basicamente conta 4 histórias diferentes com 3 personagens, em uma mesma cidade, que mais tarde se desenvolve em histórias de amor entre o personagem principal de cada capítulo com as heroínas que ele se relaciona. O próximo lançamento da Circus foi Archimedes no Wasurerumono, que basicamente era um fandisc continha omakes (conteúdo extra) dos títulos anteriores da Circus e uma prévia (não é demo, é prévia mesmo) do que viria a ser o próximo jogo deles, Da Capo.
Agora vamos falar só de Da Capo, porque Da Capo é foda, mas isso não é opinião minha, mas de milhões de pessoas no mundo inteiro. Bem, Da Capo foi “mais uma” visual novel da Circus, feita basicamente pelo mesmo time que fez Suika, no maior estilo “Ei, se fizemos um jogo bom como Suika, vamos nos reunir de novo e fazer outro jogo foda!”. Claro, não foi exatamente assim que foi a idéia para Da Capo, mas de qualquer forma, as mesmas pessoas que fizeram Suika fizeram Da Capo, e o jogo, que utiliza toques sutis de magia e mistério com a história de um adolescente no ensino médio na Ilha Hatsune, foi um sucesso tremendo, mas tremendo mesmo, a ponto de se tornar um clássico em visual novels na hora.
Fora isso, Da Capo virou uma franquia que, além de duas sequências diretas e inúmeros ports, spin-offs, fandiscs, side-stories e tantos outros jogos aleatórios à série que nem caberia aqui, ganhou 4 séries de anime (2 para o primeiro jogo e 2 para Da Capo II, além dos OVAs), 21 novels (livros, com ou sem desenhos no meio do livro), 11 drama CDs, 5 volumes de mangá, 138 programas de rádio (radio shows), e mais uma renca de CDs de trilha sonora. Ah, e como se não bastasse, a Circus anunciou neste ano que vai relançar Da Capo original em Blu-Ray. Ufa...e tudo isso sem contar o merchandising associado à franquia.
Agora, a empresa Minori. Talvez uma das empresas de VN mais fdp do universo dos translators de VN, surgiu em 2001, e seus primeiros jogos foram Bittersweet Fools e Wind – A Breath of Heart, sendo o último bem recebido no Japão, o suficiente para gerar uma série de anime e 4 OVAs. Até aí, beleza, uma empresa como outra qualquer, que conseguiu um título de sucesso razoável....mas por que tão odiada? Isso, meu(minha) caro(a), é assunto para outro dia.
Lembra da Leaf? Citamos alguns jogos dela nas ultimas duas postagens, mais nem toquei nos detalhes mais importantes. Lembra da Tactics, a empresa que pouco depois se tornou a Key? Então, Leaf é a principal concorrente dos membros da Key, mesmo tendo surgido 2 anos antes da Tactics. Com o lançamento de Kanon e Air, a Leaf ficou enfurecida por ter sido fundada antes e estar tendo níveis de venda piores que os títulos da Key (pra se ter uma idéia, Leaf lançou 6 jogos desde ToHeart, e mesmo assim, nenhum título teve recepção agradável no mercado), e assim, eles precisavam fazer um jogo para alavancar suas vendas. Foi com esse pensamento que eles lançaram Utawarerumono, um jogo que misturava RPG com visual novel, no maior estilo Final Fantasy Tactics, mas com mais ênfase nos elementos de VN, mas que em todo caso, dava mais liberdade e opções ao jogador, ficando nos rankings dentre os jogos mais vendidos por meses.
A Nitroplus (ou Nitro+) surgiu em 2000 e já estreou no mercado de VN bem com o jogo Phantom of Inferno, por conter uma história bem misteriosa e dramática com um tom bem realista, contendo muitas imagens únicas, ao invés de figuras de personagens que se reciclam rapidamente. Nitroplus, aproveitando o gás, lançou mais um jogo, com pouco sucesso, mas que depois se redimiu com Kikokugai – The Cyber Slayer, nos mesmos moldes de Phantom of Inferno, mas mais futurista e com foco maior sobre Kung Fu.
A última empresa que falarei agora é a 07th Expansion. Mesmo até hoje ela só tendo lançado 3 franquias, a 07th Expansion começou extremamente bem o seu trabalho. Ela se formou como uma empresa doujin em 2002 e contava com incríveis 3 membros (um morto já), mas que mesmo assim, fizeram igual Type-Moon: lançaram um jogo incrivelmente foda e que explodiu no mercado: Higurashi no Naku Koro Ni (ou no inglês, “Higurashi When They Cry”), uma VN de suspense e mistério extremo que “bota os marmanjos pra tremer na base”, de tão densa e tensa que era a história em si, consolidando o título, que alcançou níveis tão altos de vendas quanto Tsukihime, como um clássico e exemplo de VN do gênero, gerando 2 temporadas de anime, uma série de mangá com 38 volumes (publicados pela Square Enix), uma light novel de 4 volumes, uma novel de 17 volumes e 9 OVAs
CURIOSIDADE: Higurashi no Naku Koro Ni possui um live-action (filme baseado em algum jogo/anime, interpretado por pessoas reais) de 2009 também, baseado no primeiro arco do anime (Onikakushi-hen). É interessante de se assistir.
Nossa, quebrei meu recorde em escrever...espero que não tenha ficado muito cansativo para vocês lerem, e assim, a parte 4 da série de posts fica por aqui. Pelo menos o pior já passou...
Na parte 5, falaremos de mais títulos de VNs a partir de 2003, mais títulos famosos e extremamente famosos, e algumas empresas notáveis que surgirão nesses anos. Se sobrar espaço, chegaremos na época “foda” de VNs, e vocês saberão porquê.
Até lá!"
Créditos totais à: Out. ZeroForce Central. [2012]
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